Repensando o desfavorável

Recebi uma newsletter do Murilo Gun na qual ele dizia que estarmos atrasados é bom.

A princípio você fica chocado e pensa: Que estupidez é essa?! Por que estar atrasado é bom?

Depois você para para pensar e analisa que quase nada no mundo é produzido em português. Se você programa alguma linguagem e ainda pesquisa as coisas em português ainda não descobriu o “Santo Graal” do mundo moderno. Fóruns (como o stackoverflow.com) podem te salvar a vida e a grande maioria dos melhores tópicos estão, pasmem, em inglês. Inclusive, passei recentemente uma experiência curiosa com o fórum do GLPI (forum.glpi-project.org) que por ser uma ferramenta francesa tem uma grande confusão idiomática entre seus usuários.

Então o idioma é importante para estar na frente? Não necessariamente, mas é um diferencial. Os conteúdos são lançados em inglês e demoram anos até chegar por aqui. Documentações de softwares são feitas em inglês e vejo grupos se esforçando num trabalho que parece o trato da louça no cotidiano do lar (pausa para risos). A hegemonia do inglês no desenvolvimento de software é algo sem volta.

O desavisado a essa altura do campeonato está de cabelo em pé! Ele está pensando: além de ter que aprender comandos e palavras estranhas eu ainda tenho que aprender inglês? — Rapaz, se você já usou alguma linguagem de programação provavelmente já fala mais inglês do que imagina. For, if, while, else, try e tantas outras são palavras inglesas e se você compreender o que está escrevendo o código ainda por cima vai fazer mais sentido. Por vezes o código bem escrito não necessita sequer de comentários, mas isso é assunto para outra postagem ; )

Como eu comecei dizendo no início do post, estou falando sobre isso por conta de uma mensagem do Murilo (provavelmente do staff dele) e olha o caso que ele conta para exemplificar como o atraso do Brasil pode servir para os mais antenados como uma bola de cristal:

Sabe aquele livro que eu tanto falo “Abundância”, do Peter Diamandis? Eu comprei o livro no início de 2013, em inglês, quando ainda não havia sido lançado no Brasil. Foi nesse livro que eu conheci a Singularity University e resolvi me candidatar no final de 2013 (e fui aceito para o programa de 2014). Quando o livro começou a aparecer em destaque nas gôndolas das livrarias brasileiras, a inscrição para o programa de 2014 já havia encerrado. E sabe o que aconteceu em 2015? As regras mudaram. A Singularity passou a ser de graça (eu paguei 30 mil dólares para ir), pois o Google resolveu bancar tudo. Quando eu soube disso, eu não fiquei puto tipo “Putz.. deveria ter ido no ano seguinte e economizado uma grana”. Pelo contrário, eu fiquei aliviado “Ainda bem que eu entrei antes, pq agora que é de graça a concorrência vai ser assustadoramente grande” E foi exatamente isso que rolou em 2015: concorrência gigante e até o perfil das pessoas que são aceitas mudou.

Como é possível ver, existe algo que pode ser chamado de “delay de conhecimento” no qual mesmo os principais meios de comunicação estão imersos. Não adianta você esperar sair nas revistas e sites brazukas como Galileu, Exame ou Veja. É preciso procurar a fonte deles! É preciso ir atrás para estar na frente (trocadilhos baratos)!

Não tem muito tempo alguém me perguntou porque pagar por um curso se existe tanto material de graça na internet. A minha resposta é simples: o que tem na internet gratuito já é passado. O que precisamos é do pulo do gato, é da visão de quem está na vanguarda. Precisamos parar de apenas reproduzir e começar a produzir conhecimento.

Saltar rumo ao conhecimento em outros idiomas não é o único caminho para estar na frente no mercado de trabalho, é preciso conseguir o equilíbrio de olhar para o futuro sem romper com o passado, esse é o desafio ; )